Este ano está a ser extraordinário porque dá para perceber que muitos de nós andámos a fazer disparates durante anos com a entrega do IRS. A palavra é forte mas estou convencido que é verdadeira. Se este ano cheio de confusões, de dúvidas e bugs teve alguma coisa positiva é que abriu os olhos de muitos contribuintes.
Uma das dúvidas mais relevantes em termos de reembolso é se devo entregar em conjunto ou em separado. Se calhar, alguns de nós entregaram durante anos a fio em separado (ou em conjunto) sendo prejudicados em centenas de euros. Só porque sempre fizeram assim.
Este espectador entregou em separado e agora percebeu que perdeu 1.100 euros. E já não pode voltar atrás. Agora só para o ano... Mas aprendeu a lição. Espero que muitos outros aprendam com estes casos.
O caso é o seguinte:
"Eu entreguei a declaração IRS em 4 de abril (trabalhador dependente) em separado. Na altura não percebi muito bem a diferença... Agora, percebi que se fosse em conjunto receberia IRS em vez de pagar.
A diferença são cerca de 1100€!!!
Não percebo o serviço que as nossas finanças prestam, com pouca informação, deixam as pessoas optar e depois não permitem a correção.
Está provado que as Finanças não zelam pelo interesse do contribuinte, de quem conhecem todos os dados e deixam optar por 2 situações completamente distintas.
Não será injusto um contribuinte pagar mais IRS, quando podia receber (o que significa que durante o ano pagou a mais)? E a resposta que que as Finanças dão para o problema é que está na lei e aprendem a fazer bem para o ano?
Gostaria que a AT não ficasse indiferente a situações em que tantos contribuintes se sentem prejudicados."
Eu compreendo a revolta deste contribuinte, mas as Finanças não adivinham se eu quero ou não entregar em conjunto ou separado. Se escolhessem por mim, haveria outra onda de opinião a dizer que eu quero decidir o que faço com a minha economia familiar. Posso ter motivos para entregar em separado, mesmo que isso me prejudique no reembolso.
Só vejo duas soluções para o problema. Ou aprendemos a fazer e informamo-nos e fazemos bem com consciência ou pagamos a profissionais para fazerem este trabalho.
Se quando estamos doentes vamos ao médico, se não percebemos nada de contabilidade porque é que não vamos a um contabilista? Por 20 ou 25 euros (ou menos) vale a pena arriscar perder centenas ou milhares de euros? Talvez não, mas o dinheiro é de cada um e a decisão também.
Agradeço muito aos espectadores que não se importam de relatar estes casos pessoais. Exige alguma coragem mas podem ter a certeza de que estas informações são muito úteis para milhares de pessoas que podem estar na mesma situação e não se aperceberam ainda. Obrigado.